bom, como prometido no post anterior (pré-requisito para a leitura a seguir), aqui está a terceira parte da discussão acerca da relação entre arte e política (que aqui analiso como indissociáveis).
minha insatisfação com apenas duas partes se dá pelo fato de eu ter deixado muito em aberto a possibilidade de interpretação da discussão no sentido de aspectos da produção artística mais voltados como o estímulo, incentivo, financiamento, quando na verdade eu queria dizer mais é de um contexto maior (político, social, econômico, etc).
isso significa que deve ser levado em consideração não só o produto, mas a motivação da produção, o seu significado, as suas interpretações. e não só isso. faz parte da análise da política na arte o material com que se produz: de onde vem, quanto custa, quem comercializa e lucra?
arte é política, pois envolve uma gama interminável de fatores influentes, confluentes e resultantes.
e no auge da pós-modernidade e do capitalismo pós-industrial, arrisco defender alguns ideais do Construtivismo Russo, que objetivava não a arte política, mas a socialização da arte; esta seria presente no cotidiano, reconstruindo o modo de vida e sendo agente de transformação social (nota: o movimento possuía muitos outros aspectos além dos explicitados aqui).
nessa perspectiva, sugiro a acepção do termo “arte” como qualquer objeto que possa ser interpretado como tal (manifestações cotidianas no geral), mesmo tendo em mente o alto grau de subjetividade empenhado nessas interpretações e, por conseguinte, diferentes visões.
creio que, com essa parte adicional, preenchi a lacuna que ficou nas duas primeiras.
se é possível apontar uma conclusão para isso tudo, é que, além de a arte estar não somente nos objetos mas também nos olhos de quem a vê, esta só será compreendida totalmente se analisada em diversos aspectos, sendo fundamental entender seu contexto. só a contemplação do objeto não é, certamente, sua digestão e entendimento.
“Para vocês, o cinema é um espetáculo. Para mim, é quase um meio de compreender o mundo.” – Maiakovski, 1922
não entra na minha cabeça, de forma alguma, que a arte deva ser “compreendida totalmente”…
é um bom ponto!
talvez não deva entrar mesmo.
mas pura contemplação eu creio ser um pouco de masturbação mental. concordo com o “totalmente”.
acho que no dia que a arte for compreendida totalmente ela deixa de ser arte.
e eu ainda acho tambem que, na maior parte das vezes, a simples contemplacao nos traz aprendizagem maior do que a analise do contexto em sim.
discordo integralmente do “na maior parte das vezes”. não acredito, inclusive, no ideal flaubertiano de “a arte pela arte”.
a excessão se dá pelo fato de que há objeto de arte que é feito pura e simplesmente para contemplação. agora, aprendizagem… não sei. eu diria “prazer” (num sentido sensorial e tal) no máximo.